terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Diário de Cris parte um

Em algum lugar dentro deste espaço descomunal que existe de norte a sul de minha alma.
Perdi o rumo muitas vezes e confesso que até hoje não sei se o encontrei.
Desmemoriei os caminhos inúmeras vezes. É tão longe a estrada. Tão cheia de truques de mágicas, ilusões de ótica, irrealidades, espelhos distorcidos. Debato-me nesse verão cheio de sol e luz, tudo tão belo.
Não há janelas dentro de mim que tragam pra dentro a luz que eu sei que existe lá fora.
Eu sei está fora do meu alcance por ora. Disperso entre o que eu fui e o que me tornei.
Penso que nenhum lugar é seguro dentro de mim, ohhh caverna desgramada!
No entanto pulso insistentemente o que há de vida lá fora. Quebra os espaços restantes entre os mistérios e as respostas.
Eu vago por este lugar que chamo de mim. Não me liberto desta catatonia.
E as correntes que eu mesma criei aos poucos vão se abrindo, uma canção, sensação, um sorriso, descobri que tudo passa com o tempo, basta ter paciência e esperar.
Apenas não faço do que há de mais triste em mim o centro das atenções. LET ME OUT!
Cansei de ser expectadora de mim, perdida, confusa, amargurada, frustrada às vezes, das minhas próprias armadilhas, das minhas próprias teias, medos. Alma paralítica, desfalecida em algum tempo.
Suplicando suas metamorfoses, seus voos.
Vagando no mar alto e bravo da noite sombria e gélida.
Talvez haja um barco que me leve para longe, nessa imensidão que há, basta apenas esperar pelo tempo certo de embarcar.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Visões introspectivas

Não estaremos todos meio foragidos de nós mesmos? Inspirada naquele anúncio de "procura-se", resolvi lançar a seguinte campanha: "Procuro-me". Tenho tido provas cabais de que estou perdendo a identidade nesse mundo excessivamente virtual. Não sei você, mas vou atrás de mim mesma. Estou saindo de férias, volto assim que me encontrar.

Eu sou fã da internet, mas é preciso saber usá-la com mais parcimônia. Me incomoda ver as pessoas se desabituando a privilegiar a cultura impressa, documentada, com marca registrada e direito autoral garantido. Assim como também estão se desabituando a ter relações reais, de toque, olho no olho, emoções com algum registro sensorial comprovado.

A maioria das pessoas, quando são questionadas sobre o assunto, dizem: "Não existe felicidade, existem apenas momentos felizes". É o que eu pensava quando habitava a caverna dos 15 anos, para onde não voltaria nem puxada pelos cabelos. Era angústia, solidão, impasses e incertezas pra tudo quanto era lado, minimizados por uma party de vez em quando, um campeonato de baralho, um feriadão em Minas. Os tais momentos felizes. Adolescente é buzinado dia e noite: tem que estudar para o vestibular, aprender inglês, usar camisinha, dizer não às drogas, não beber quando dirigir, dar satisfação aos pais, ler livros que não quer e administrar dezenas de paixões fulminantes e rompimentos. Não tem grana para ter o próprio canto, costuma deprimir-se de segunda a sexta e só se diverte aos sábados, em locais onde sempre tem fila. É o apocalipse. Felicidade, onde está você? Aqui, na casa dos 32 e sua vizinhança.

Depois que cumprimos as missões impostas no berço — ter uma profissão, casar e procriar — passamos a ser livres, a escrever nossa própria história, a valorizar nossas qualidades e ter um certo carinho por nossos defeitos. Somos os titulares de nossas decisões. A juventude faz bem para a pele, mas nunca salvou ninguém de ser careta. A maturidade, sim, permite uma certa loucura. Depois dos 30, conforme descobriram os participantes daquele congresso curioso, estamos mais aptos a dizer que infelicidade não existe, o que existe são momentos infelizes. Sai bem mais em conta. Menos depre também... Como diz minha linguista Elenita o mantra da vida é ser feliz não importa como seja.